Começo
este texto pensando em Winner (1998) que diz que as crianças superdotadas são
precoces e progridem mais rapidamente que as outras crianças, pois apresentam
mais facilidade em determinada área. Entendem-se, então, que ser superdotado
não significa saber tudo.
A
LDB, Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, artigo 9º, em 1971, diz: Os
alunos que apresentam dificuldades físicas ou mentais, os que se encontram em
atraso considerável quanto à idade regular da matrícula e os superdotados
deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos
conselhos competentes de educação. Com o avanço na lei citada em 1996, o artigo
59 prevê que os sistemas de ensino assegurarão a aceleração para concluir em menos
tempo o programa escolar para os superdotados, lembrando que a mesma lei,
orienta que a promoção não se dá na Educação Infantil e no primeiro ano do
ensino fundamental. Nestas etapas a promoção se faz por faixa etária.
Também
a LDB descreve a aceleração para os superdotados e um encaminhamento para o
mercado de trabalho para alunos com habilidades superiores nas áreas artística,
intelectual e psicomotora.
Outro
marco importante foi a elaboração da Resolução do Conselho Nacional para a
Educação Especial que define que o atendimento acontece por meio de atividades
que favoreçam ao aluno o aprofundamento e enriquecimento de aspectos
curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em salas de
recursos ou em outros espaços.
De
acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva encaminhamentos para os alunos com Altas Habilidades e Superdotação,
possibilitam que o atendimento a estes alunos ocorra em salas multifuncionais,
através de projetos desenvolvidos em universidades ou, ainda, em centros
específicos como os Núcleos de Atividades em Altas Habilidades/Superdotação.
Podemos
ver que há esforços nas políticas públicas para que seja oferecido o
atendimento especializado às pessoas com Altas Habilidades e Superdotação, às suas
famílias e professores, bem como a inclusão destas crianças no contexto
escolar.
Em
2008, o MEC, ministério da Educação e Cultura, elaborou a Política de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, tendo como objetivo orientar os
sistemas de Ensino para a promoção do acesso, a participação e a aprendizagem
dos alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e Altas
Habilidades/superdotação em escolas regulares, garantindo a transversalidade da
educação especial desde a educação infantil até a educação superior. Garante o
Atendimento Educacional Especializado, a continuidade da escolarização nos
níveis mais elevados de ensino, a formação de professores para o Atendimento
Educacional Especializado, a inclusão da participação familiar e da comunidade,
a acessibilidade urbanística e nos mobiliários, nos transportes, nas
comunicações e informações e a articulação intersetorial na implementação das
políticas públicas.
Assim,
percebe-se que a educação especial perpassa todos os níveis, etapas e
modalidades. Com o AEE disponibiliza os serviços e recursos e orienta os
alunos, professores quanto a sua utilização nos processos de ensino e
aprendizagens.
A
educação inclusiva abre horizontes, trazendo à escola a tarefa de romper com
velhos paradigmas e propor ações mais amplas consonantes com as necessidades
histórico culturais do seu entorno, respeitando as diferentes formas de
aprender e buscando atender as necessidades educacionais de todos os alunos.
Núcleo de Atendimento aos alunos com
Altas Habilidades e Superdotação
Objetivo:
Identificar,
atender e estimular o potencial criativo do aluno com altas
habilidades/superdotação, matriculado no sistema público de ensino.
Para quê:
Para
estimular e desenvolver as potencialidades criativas e o senso crítico dos
alunos com Altas Habilidades/Superdotação com o uso de recursos didáticos e
pedagógicos, bem como profissionais com competência técnica para prover
desafios acadêmicos, sociais e emocionais e oportunizar o aprendizado.
Como?
Os
núcleos são organizados em três unidades:
1. Unidade de atendimento ao professor.
2. Unidade de atendimento ao aluno
3. Unidade de atendimento à família.
Como Identificar um aluno com altas
Habilidades e Superdotação?
A habilidade
superior, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a genialidade são
gradações de um mesmo fenômeno. Porém, as abordagens teóricas ainda são
divergentes. É preciso um olhar atento às concepções e suas diferenças. Talvez
seja a modalidade, dentro da Educação Especial, mais difícil de ser diagnosticada
ou descoberta. Pode-se dizer que as pessoas com altas habilidades e
superdotação se caracterizam pela elevada potencialidade de aptidões e talentos
que se evidenciam em uma ou diversas áreas de atividade.
·
Capacidade
intelectual geral. Apresentam rapidez de pensamento, compreensão, memória,
curiosidade e elevada capacidade de abstração.
·
Aptidão acadêmica
específica. Apresentam motivação por disciplinas acadêmicas do seu interesse,
excelente desempenho escolar e capacidade de produção acadêmica.
·
Pensamento criativo
ou produtivo. Alta capacidade de imaginação, resolvem situações de forma
inovadora e originalidade de pensamento.
·
Capacidade de
liderança. Caracterizam-se pela relação interpessoal, cooperação, poder de
persuasão e de resolver situações sociais.
·
Talento especial para
a arte. Apresentam grande desempenho em artes plásticas, musicais, cênicas e/ou
literárias e facilidade em expressar-se através de gestos ou comunicar
sentimentos.
·
Capacidade
psicomotora. Apresentam desempenho superior em esportes ou atividades físicas,
podendo se destacar em agilidade de movimentos, coordenação, força e
resistência.
Algumas orientações para os professores:
As
crianças são diferentes quanto ao desenvolvimento da capacidade de entender,
expressar e controlar sua vida emocional. Por isso é importante a que o
ambiente escolar seja um ambiente que estimule o desenvolvimento das
competências emocional e social de maneira conjunta com as competências
acadêmica e cognitiva.
Considera-se
que, para criar um ambiente estimulante para o desenvolvimento das competências
emocionais, seja preciso que as crianças tenham valiosas percepções e
informações a partilhar, tenham oportunidades para se expressar.
O processo evolutivo de desenvolvimento de
grupo aprimora os relacionamentos das crianças consigo mesmas e com os outros. Estas
informações são traduzidas em objetivos aplicados em sala de aula, de maneira
que a criança seja capaz de:
•
usar apropriadamente as habilidades de comunicação;
•
dominar técnicas para a solução de conflitos;
•
reconhecer padrões em seu próprio comportamento e no dos outros;
•
reconhecer que um indivíduo pode preferir mudar os padrões de comportamento;
• examinar questões especificamente
opressivas, como pressão de colegas, administração do estresse, tomada de
decisão, medos, autoconfiança, necessidade de assumir riscos, rivalidade entre
irmãos e construção de amizades.
O desenvolvimento de atividades flexíveis e
adaptativas auxiliam a controlar a emoção e o aperfeiçoamento do intelecto da
criança.
Referências:
GOTTI, M. O. (Org.). Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais: orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEEP, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/direitoaeducacao.pdf. acessado em 26/10/2020.
MAIOLA. Carolina dos Santos. Superdotação e altas habilidades. UNIASSELVI, 2016.
Plano Nacional de Educação. Brasília: Senado Federal, UNESCO, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf . Acessado em 23/10/2020.
Resolução CNE/CEB nº. 02, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf. Acessado em 24/10/2020.
WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades.
Porto Alegre: Artes Médicas,1998.
Comentários
Postar um comentário