Níveis de escrita segundo Emília Ferreiro: Como identificar e trabalhar em sala de aula

 


A psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, revolucionou o modo como entendemos a alfabetização. em vez de considerar e a escrita como algo que deve ser ensinado do zero, as pesquisadoras mostraram que as crianças constroem hipóteses sobre a  escrita, assim como fazem com a linguagem oral.

Entender os níveis de escrita é essencial para alfabetizar com mais empatia, estratégia e respeito ao tempo de cada criança. respeitar os tempos não significa que o professor será apenas um mero observar, mas um agente com intenções pedagógicas que favoreçam o avanço das crianças nas aprendizagens.

1. Nível Pré-silábico

Neste nível as crianças fazem:

 Escrevem com garatujas, rabiscos ou letras aleatórias.

Não há relação entre oque falam e o que escrevem.

Acreditam que para escrever "gato" precisam de muitas letras, mas que qualquer uma serve.

Hipótese da criança:

"A escrita é uma cópia gráfica ou um desenho de letras."

Como estimular o avanço da criança na construção da escrita:

Nomear objetos com apoio visual.

Incentivar a leitura de palavras conhecidas (nome próprio, cartazes).

Fazer ditados com apoio visual.

2. Nível Silábico

O que a criança faz:

Atribui uma letra para cada sílaba falada (ex: CA-SA-CO pode virar C S C ou A A O)

As vezes usa consoantes ou apenas vogais.

Hipótese da criança:

"Cada pedaço falado da palavra (sílabas) corresponde a uma letra.

Como estimular:

Trabalhar com jogos sonoros (rimas, aliterações, quebra cabeças).

Comparar palavras de tamanhos diferentes.

Atividades com músicas e ritmos silábicos.

3. Nível Silábico-Alfabético

O que a criança faz:

Mistura hipóteses: em algumas sílabas usa uma letra, em outras duas ou mais.

Exemplo: Cachorro pode se tornar CAHO.

Hipótese da criança:

"Nem sempre uma letra basta para representar um som; começo a perceber que ás vezes preciso de mais letras."

Como estimular:

propor reescrita de palavras conhecidas.

Trabalhar ditados curtos com autocorreção.

Explorar rimas e famílias silábicas.

4. Nível Alfabético

O que a criança faz:

Representa todas as letras da palavra, respeitando sons e ordens.

Comete erros ortográficos comuns, mas entende o sistema alfabético.

Hipótese da criança:

"Cada som da fala corresponde a uma letra ou conjunto de letras."

Como estimular:

Produções textuais curtos (listas, bilhetes, convites).

Correções coletivas e conscientes, nunca punitivas.

Introdução de ortografia de forma lúdica.

Por que conhecer os níveis é importante?

Porque alfabetizar não é apenas ensinar letras, mas sim compreender o caminho que cada criança percorre até dominar a linguagem escrita. Quando o professor reconhece o nível de cada criança, ele pode planejar intervenções personalizadas, eficazes e humanizadas.

Dica prática para acompanhar o desenvolvimento de cada criança:

Crie uma documentação da escrita dos alunos (portfólio) com datas e observações. Desta forma será possível acompanhar o progresso individual, compartilhar com as famílias o desenvolvimento de cada criança, de forma positiva e refletir sobre quais estratégias pedagógicas serão aplicadas para que se tenha o avanço nas aprendizagens.

Deixe nos comentários o que você usa para registrar as hipóteses de escrita dos seus alunos!



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